Criação de Cavalos no Brasil em 2025 – Estatísticas Essenciais

Poucas atividades unem tradição, paixão e negócio como a criação de cavalos no Brasil.

Mais do que um setor do agronegócio, ela é uma expressão cultural que atravessa gerações e molda histórias de famílias, cidades e regiões inteiras.

Quem vive esse universo sabe: os cavalos não representam apenas animais de trabalho ou competição, mas símbolos de identidade, de orgulho e de futuro.

Este setor sólido e em crescimento, movimenta a economia com atividades que envolvem criação, reprodução, esportes, lazer, turismo e serviços especializados, gerando empregos e promovendo o país no cenário internacional.

Neste artigo, vamos mostrar uma visão completa e mais atualizada possível sobre a força da criação de cavalos no Brasil, sua relevância econômica e os principais segmentos.

O cenário atual da criação de cavalos no Brasil

O Brasil possui um dos maiores plantéis de equinos do mundo.

Segundo estimativas do IBGE, a população de cavalos no país é de cerca de 5,8 milhões de animais, distribuídos em diferentes raças e finalidades.

O Brasil tem uma das maiores relações de cavalos por habitante do mundo, por volta de 1 animal para cada 36,5 habitantes (considerando uma população de 212 milhões de pessoas no país).

Esse número mostra a força e a presença marcante dos cavalos no território brasileiro.

Criação de cavalos no Brasil por estado

A criação de cavalos está presente em todas os estados, mas o rebanho nacional está concentrado principalmente em Minas Gerais (estado líder, com mais de 788 mil animais), Pará, Rio Grande do Sul, Bahia, no eixo Centro-Oeste (MT, GO, MS), São Paulo e Maranhão.

Somados, os nove estados líderes respondem por quase 70% dos equinos do país.

Cada região tem as suas peculiaridades:

• MG e SP (Sudeste): tradição forte em raças de sela e esporte, grande rede de eventos/treinamento e mercado consumidor; presença associativa em todo o país, com núcleos atuantes.
  
  
• RS (Sul): cultura campeira e provas de trabalho esportivo mantêm plantel robusto.
  
  
• MT, MS e GO (Centro-Oeste): pecuária extensiva e manejo diário favorecem o uso de equinos no trabalho e em modalidades técnicas.
  
  
• BA e MA (Nordeste): tradição em provas de trabalho e lazer rural; vaquejada e cavalgadas movimentam criatórios regionais.
  
  
• PA (Norte): grande território pecuário e uso prático no campo e em deslocamentos contribuem para o alto efetivo.

Essa combinação de números expressivos e forte identidade regional mostra por que o Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial da equinocultura.

Principais raças de cavalos criadas no Brasil

Segundo o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado De São Paulo: IFSP, o Brasil tem cerca de 26 raças de cavalos e 6 raças de pôneis.

Pela combinação de base associativa, volume de animais registrados, presença em eventos e importância econômica, destacam-se cinco:

Mangalarga Marchador (ABCCMM) – 589 mil animais

Maior base associativa do país, a ABCCMM informa mais de 589 mil animais ativos, com circuito nacional de exposições, copas de marcha e provas funcionais.

Perfil típico do criador: propriedades familiares e haras de pequeno e médio porte no Sudeste (com forte concentração em Minas Gerais) e no Nordeste, com expansão para Centro-Oeste e Norte.

Finalidades: lazer e cavalgadas, turismo equestre, marcha (batida e picada), além de uso seletivo em esportes de sela.

Quarto de Milha (ABQM) – 564 mil animais

Uma das raças mais populares do país, a ABQM aponta 564 mil animais registrados.

Perfil do criador: desde pecuaristas do Centro-Oeste/Nordeste (uso no manejo e vaquejada) a equipes esportivas e escolas de tambor, baliza, rédeas e laço no país inteiro.

Finalidades: esporte de velocidade e manobra, vaquejada regulamentada, ranch sorting, laço, além do trabalho no campo.

Crioulo (ABCCC) – 460 mil animais

A raça símbolo do Sul e cada vez mais presente em áreas de expansão, a ABCCC aponta mais de 460 mil animais registrados e crescimento consistente em registros e participação em eventos.

Perfil do criador: estâncias e haras com forte cultura campeira (RS, SC, PR) e polos em SP, MT, MS e GO.

Finalidades: trabalho a campo, laço, paleteada e o ciclo seletivo do Freio de Ouro, além de lazer.

Mangalarga (ABCCRM) – 130 mil animais

Tradição de sela clássica e seleção funcional para conforto, resistência e temperamento, conta com mais de 130 mil animais segundo o Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo.

Perfil do criador: núcleos no Sudeste (SP, MG e RJ) e interior com forte cultura de cavalgadas e exposição.

Finalidades: lazer, enduros de regularidade, exposições de modelo e andamento, e participação em provas de sela.

Campolina (ABCC) – 55 mil animais

Raça de sela com andamento cômodo e tipicidade marcante, conta com mais de 55 mil animais segundo o Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo.

Perfil do criador: haras de pequeno e médio porte, criadores tradicionais e cavaleiros de cavalhadas/cavalgadas, muito presente em Minas Gerais e estados vizinhos.

Finalidades: lazer, cavalgadas de longa distância, exposições e provas de marcha.

Essas raças representam diferentes estilos e necessidades da equinocultura brasileira, indo desde o cavalo de sela confortável para longas cavalgadas até atletas de alta performance em pistas de competição.

A importância econômica da criação de cavalos no Brasil

Segundo estudos do MAPA e de entidades do setor, a cadeia produtiva do cavalo movimenta aproximadamente R$ 30 bilhões por ano, abrangendo desde a criação e comercialização de animais até eventos, serviços e produtos relacionados.

Para efeitos de comparação, o PIB do agro somou R$ 2,72 trilhões em 2024, com a participação do mercado de cavalos ficando em torno de 1,1% do total – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil: CNA.

Além do faturamento expressivo, a atividade é uma importante geradora de empregos.

Estima-se que o setor seja responsável por cerca de 3,2 milhões de postos de trabalho, entre empregos diretos, indiretos e ocupações induzidas, que envolve desde pequenos criatórios familiares até grandes haras e associações de raça, passando por treinadores, ferradores, zootecnistas e médicos veterinários especializados.

Mais do que uma tradição, a criação de cavalos no Brasil é um negócio estratégico, que conecta cultura, esporte, turismo e produção, gerando renda e fortalecendo o agronegócio como um todo.

Segmentos que movimentam o setor

O mercado de cavalos no Brasil é diversificado e abrange diversos segmentos consolidados.

O resultado é um ecossistema que emprega, inova e exporta conhecimento, animais e material genético.

Esportes equestres

O país conta com modalidades equestres tradicionais como corridas, hipismo, polo, salto, enduro, rédeas, apartação e regionais como vaquejada, três tambores, laço comprido, seis baliza, entre outros que movimentam milhões de reais anualmente com inscrições, patrocínios, mídia, turismo e vendas de animais.

Além de atrair público e gerar renda local, esses eventos fortalecem a visibilidade de raças e estimulam a compra e venda de animais.

Venda e reprodução de animais

A comercialização de cavalos é impulsionada tanto por criadores que investem em genética e melhoramento, quanto por pequenos e médios produtores voltados para trabalho, lazer ou esporte.

A base da receita de muitos criatórios vem da comercialização de potros, éguas, garanhões, coberturas e material genético (sêmen, embriões), gerando alto valor agregado e movimentando leilões presenciais e virtuais em todo o país.

As exportações de cavalos e genética equina também ganham relevância, especialmente para países da América Latina, Europa e Oriente Médio.

Raças nacionais como o Mangalarga Marchador têm despertado interesse no exterior, tanto pela qualidade da marcha quanto pela adaptabilidade.

Além disso, o avanço nas técnicas de reprodução e certificação genética tem fortalecido a presença brasileira no comércio internacional de embriões e sêmen de alta qualidade.

Esse posicionamento confirma que o Brasil não é apenas um mercado interno robusto, mas também um player competitivo no cenário global, com potencial para expandir ainda mais sua influência por meio de inovação, genética e gestão profissional.

Turismo rural e equoterapia

O cavalo é protagonista de experiências de turismo rural, cavalgadas e passeios ecológicos, especialmente em regiões com forte tradição equestre.

O turismo de experiência já é o responsável por aproximadamente 60% do faturamento dos pequenos negócios da indústria do turismo no Brasil: Sebrae.

A equoterapia, por sua vez, é um segmento em crescimento, utilizando o cavalo como aliado terapêutico em tratamentos físicos, emocionais e cognitivos, atendendo desde crianças até idosos.

Com mais de 450 centros espalhados pelo país, isso só aumenta a demanda por animais treinados e profissionais qualificados: Associação Nacional de Equoterapia – ANDE.

Comercialização de insumos, equipamentos e serviços veterinários

A manutenção do bem-estar e desempenho dos cavalos gera um mercado constante para:

• Nutrição – rações, feno, suplementos, pré e probióticos, sais minerais;
  
  
• Equipamentos – ferraduras, selas, arreios;
  
  
• Produtos de bem-estar relacionados ao enriquecimento ambiental;
  
  
• Veículos de transporte;
  
  
• Seguros;
  
  
• Serviços especializados – medicina veterinária equina, ferradores, treinadores e zootecnistas.

Esse segmento garante fluxo contínuo de negócios e inovação, com marcas investindo em qualidade e tecnologia para atender às demandas do setor.

Bônus: Comparativo internacional – Como o Brasil se posiciona no mundo?

O Brasil ocupa posição de destaque no cenário global da equinocultura, sendo um dos países com maior número de cavalos do planeta.

Segundo estimativas, o Brasil possui cerca de 5,8 milhões de equinos, figurando entre os três maiores plantéis do mundo, ficando atrás apenas de potências como Estados Unidos (aprox. 10 milhões) e México (aprox. 6,4 milhões): World Population Review

Conclusão: O cenário promissor da criação de cavalos no Brasil

A criação de cavalos no Brasil une tradição, cultura e potencial econômico como poucos setores do agronegócio.

Mais do que uma atividade rural, ela preserva raças, movimenta economias regionais, gera empregos e mantém viva uma relação milenar entre humanos e equinos.

Esse protagonismo só é possível graças aos milhares de criadores espalhados pelo país, que transformam a sua paixão em um negócio que movimenta o campo, fortalece a economia e dá visibilidade ao cavalo brasileiro.